A tarde da última quinta-feira (09 de novembro) foi repleta de más lembranças para Tunico da Vila e Déborah Sathler, que reviveram momentos desagradáveis ao deporem no 5º Distrito da Polícia Civil, em Jardim Camburi. Acompanhado do advogado Hédio da Silva Júnior, especialista em Direito Constitucional, Liberdade de Crença e Igualdade Racial, o casal relatou fato ocorrido em outubro, tendo como crimes racismo e assédio mora,l ocorridos na Rua da Lama, em Jardim da Penha, Vitória.
Embora os momentos tenham sido bastante tensos, Tunico da Vila contou que teve a serenidade de chamar a Polícia Militar para relatar os fatos e desse um basta nos atos racistas, contra ele, e misóginos contra Déborah que teriam sido cometidos pelo agressor.
“Não adianta querer partir pra cima e brigar. Isso é o que os racistas querem. Eu fiz o que deveria ser feito naquele momento e que as pessoas que passarem por esse tipo de crime devem fazer. Chamei a polícia para que resolvesse o problema. E foi o que aconteceu. Os policiais foram atenciosos e registraram a ocorrência”, lembrou Tunico.
Tudo aconteceu no dia 20 de outubro, quando o espaço havia sido inaugurado e Déborah passeava com o porquinho Soba, animal de estimação do casal.
“Comecei a ouvir insultos de um homem que estava no local e com medo e me sentindo acuada em razão de todo constrangimento que estava passando,ignorei o cidadão e segui a caminho de retorno à minha residência. O referido cidadão continuou gritando dizendo que eu não podia estar ali, que não podia passear com meu animal de estimação. Nesse momento meu marido estava indo ao meu encontro para continuarmos nosso passeio com nosso Pet”.
E lembrou mais:
“Só sei que o homem quando viu Tunico com as guias no pescoço, começou a gritar para ele ‘voltar pra favela’, ‘lá é o seu lugar’. E continuava a gritar”.
Tudo o que o casal passou foi relatado no Distrito Policial para que, posteriormente, seja acionado o Ministério Público e continue a ação.
Ao ser indagado sobre se o ato do homem se enquadraria como racismo ou injúria racial, o advogado Hédio Silva Júnior explicou que o crime cometido é o de racismo religioso por ter sido cometido assim que o homem visualizou as guias no pescoço do artista.
As questões religiosas são muito caras para o jurista, já que ele defende a liberdade religiosa, “seja ela (a religião) qual for”.
“Sou defensor da liberdade religiosa, seja ela qual for. Já atuei em processo no Supremo Tribunal Federal defendendo um cliente que por ser adventista, deveria guardar o sábado. Na ocasião, obtivemos êxito. E quem é adventista tem o direito de não trabalhar nesse dia da semana”, explicou o advogado.
Além do crime de racismo religioso, o casal ainda requereu uma medida protetiva para Déborah, já que ela tem se sentido ameaçada, por ver quase sempre o homem rondando o local onde o casal mora.
Caso o Ministério Público ofereça a denúncia, o processo prossegue e todos os envolvidos deverão ser ouvidos por um juiz.
Com informações da Assessoria de Comunicação do Advogado Hédio Silva Júnior