Na próxima segunda-feira, completam três anos do maior desastre ambiental registrado no Brasil e os atingidos pela barragem da Samarco iniciam marcha que sairá de Mariana (MG) e chegará em Vitória (ES). Ao longo dos 650 quilômetros do trecho atingido pela lama de rejeitos diversas famílias prometem se manifestar durante a “Lama no Rio Doce: 3 anos de injustiça”.
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) divulgou matéria denunciando que após este tempo nenhuma casa foi construída pela Renova. O MAB afirma ainda que centenas de pessoas ainda não foram reconhecidas como atingidas.
O texto a seguir foi publicado no site oficial do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB):
TEXTO DO MAB
“No dia 5 de novembro completam-se três anos do maior desastre socioambiental do Brasil: o rompimento da barragem de rejeitos de Fundão, da mineradora Samarco, controlada pela Vale e pela BHP Billiton.
Desde então, a luta das famílias atingidas segue, mas sem resposta real da Justiça e sem punição das empresas criminosas. Nenhuma casa foi construída, milhares não são reconhecidos, e a população denuncia que a Fundação Renova “empurra” os problemas sem previsão de reparação real na vida dessas famílias.
Para denunciar os três anos sem respostas e fortalecer a luta nas regiões, os atingidos e atingidas pelo crime da Samarco/Vale/BHP, organizados no Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), realizam a Marcha “Lama no Rio Doce: 3 Anos de Injustiça”, entre os dias 04 e 14 de novembro.
A Marcha tem início nos dias 4 e 5 de novembro, com um encontro de mulheres que debate as consequências do crime na vida das mulheres e crianças na Bacia do Rio Doce, em Mariana, em Minas Gerais, de onde os atingidos seguem para iniciar o mesmo trajeto feito pela lama, até Vitória no Espírito Santo.
“As mulheres não são reconhecidas pela Renova, somos 70% que não são atendidas por nenhum dos programas em toda a Bacia. Nós é que temos que lidar com os problemas de saúde, a falta do território que tínhamos antes, a perda de laços comunitários e familiares que o crime trouxe, devemos ser reconhecidas e respeitadas”, reafirma a atingida Márcia, de Colatina, no Espírito Santo.
Com a mensagem “Do Rio ao Mar: Não Vão nos Calar!”, a Marcha realiza ações em outros 10 municípios do trecho até o mar, com Feiras de Saúde, atos culturais, caminhadas, celebrações religiosas e assembleias.
“Estamos fazendo uma marcha ampla, que vai unir nós atingidos de toda a Bacia do Rio Doce para lutarmos juntos, porque só assim somos ouvidas pela sociedade e atendidas pelas empresas criminosas”, afirma Letícia, do MAB.
ENTENDA
No dia 5 de novembro de 2015, a Barragem de Fundão, da mineradora Samarco, controlada pela Vale e pela BHP Billiton, se rompeu e derramou 48,3 milhões de metros cúbicos de lama de rejeitos na natureza. A lama percorreu cerca de 650 km entre Mariana, em Minas Gerais, até a foz do Rio Doce, no município de Linhares, Espírito Santo, espalhando-se por várias comunidades ao norte e ao sul da foz.
Atingiu, pela sequência, o córrego Santarém, o rio Gualaxo do Norte, o rio Carmo e todo o Rio Doce em um trajeto que compreende 43 municípios. Destruiu diversas casas, bens, modos de vida, fontes de renda, sonhos e projetos de vida. O rompimento matou 19 pessoas e provocou um aborto forçado pela lama no distrito de Bento Rodrigues. Destes, ainda há um corpo desaparecido de um trabalhador direto da Samarco."
Com informações do site: www.mabnacional.org.br