Ineficiência da rede de energia, lama ou poeira e muitos buracos. Pensam que acabaram os problemas? Ledo engano! Rio Preto sofre também com o matagal, os mosquitos e o problema na coleta de lixo nos dias de chuva.
A criançada, que não possui escolas no bairro, é obrigada a aguardar o ônibus escolar em "abrigos" improvisados no meio das árvores. Isso mesmo. O local onde deveria existir um abrigo possui mato e árvores. E é justamente neste local que os estudantes aguardam o veículo que os levam para as escolas.
A questão do mato é tão grave que as pessoas correm risco até mesmo dentro de casa.
"Outro dia estava chegando em casa à noite e por falta de iluminação pública e com muito mato nas proximidades de casa, quase pisei em uma cobra. Fui obrigado a matá-la", relatou o morador Jaílson Souza de Melo.
E o matagal está não somente nos equipamentos públicos. Existem muitos lotes vendidos que não são limpados.
"As pessoas pagam IPTU e nem a Prefeitura vem limpar e nem os proprietários limpam. O negócio é feio. Estamos abandonados aqui", reclamou a moradora Maria Silvany Barreto Lima.
Como se não bastasse o desleixo dos moradores em seus lotes, existem outras pessoas que deixam carros abandonados no meio da rua.
Quem entra no bairro Rio Preto no final de tarde pode se preparar porque sofrerá um ataque de mosquitos.
"Moro aqui há quatro anos e nunca vi um carro fumacê passar por aqui. Dizem que não passam por causa da lama na época de chuva ou por causa dos buracos em tempos secos", disse Silvany.
E de todos os problemas mostrados pelos moradores um bem grave foi a questão de uma praça que pelos mapas da Prefeitura de Aracruz deveria existir desde 2001.
"Nos mapas da Prefeitura tem uma praça bem aqui. Só tem mato aqui, como todos podem ver", apontou Maria Silvany.
O mato está quase tomando conta de todo o campo de futebol. Aliás, só é possível saber que existe um campo de futebol no local por causa das traves que lá estão.
Mas nem tudo são lamúrias da população local. Em setembro do ano passado, um convênio firmado entre a Prefeitura de Aracruz e o Governo do Estado possibilitou o acesso à água encanada.
"Temos água em nossas caixas dia sim, dia não. Mas é melhor que antes. Tínhamos água uma vez na semana, quando caminhão-pipa vinha fazer o abastecimento nas casas", contou a moradora Rosana Pianca Sassemburg.
A reportagem especial da Web Rádio Voz do Piraqueaçu sobre o bairro Rio Preto chega ao fim, mas deixa aberto espaço para que o poder público apresente suas respostas aos anseios da comunidade local.
EDITORIAL
A percepção da equipe de reportagem da Web Rádio Voz do Piraqueaçu é de que o bairro Rio Preto está abandonado. E não é um problema recente, ou seja, da administração atual do Município.
As pessoas simples que moram na localidade enfrentam o desleixo público há mais de 30 anos.
Em conversa com alguns moradores do bairro Rio Preto, que compareceram a um evento promovido pela Prefeitura de Aracruz no bairro Itaparica, no último sábado (24 de fevereiro), ficou claro que a população local sofre não só por causa da iluminação pública, matagal ou falta de calçamento.
Foi com tristeza que ouvimos de um estudante de Rio Preto que nos dias chuvosos para chegar à escola, que não está localizada em seu bairro, ele necessite calçar-se de sacolas plásticas para manter os pés aquecidos e secos. Todo sacrifício na busca de conhecimento e realização de sonhos.
A tristeza de homens e mulheres, trabalhadores e trabalhadoras é que falta quase tudo no bairro Rio Preto como posto de saúde, creche, escolas de ensino fundamental e médio.
É inadmissível que esses cidadãos sejam vistos apenas por seus números de Título de Eleitor. São pessoas com direitos constitucionalmente garantidos no artigo 5º da Constituição Federal de 1988, a chamada Constituição Cidadã. Então, que seja aplicada a cidadania!