O empréstimo de R$ 77 milhões voltou à cena política de Aracruz, embora já tenha sido rejeitado definitivamente no plenário da Câmara Municipal. Motivo: o financiamento/empréstimo foi tema de discurso do vereador José Gomes dos Santos, o Lula (PRTB), em evento realizado no bairro São Marcos, na Sede do município.

Lá, ele teria feito severas críticas aos vereadores que rejeitaram o projeto na Casa de Leis, o que gerou um clima de desconforto durante a 117ª Sessão Ordinária da Câmara, realizada nesta segunda-feira (9 de setembro).

Em seu discurso durante a assinatura de ordem de serviço da praça do bairro São Marcos pelo prefeito Jones Cavaglieri (SD), o vereador Lula teria tentado explicar à população local o motivo pelo qual outras obras não estariam no planejamento do governo municipal, justificando com a rejeição do projeto de financiamento junto à Caixa na Casa de Leis.

Já no seu discurso realizado durante a Sessão Ordinária desta segunda, o parlamentar teria utilizado verbete considerado inadequado para a votação que rejeitou o financiamento.

“Eu acho que o projeto era importante para Aracruz. O Governo do Estado pegou R$ 1,5 bi, Linhares há duas semanas tomou R$ 90 milhões, Serra pegou R$ 400 milhões, Vitória também pegou R$ 400 milhões, Cariacica tomou R$ 70 milhões. Por que aqui criminalizaram o projeto FINISA que iria trazer 25 obras para o nosso município”, questionou o vereador Lula.

O discurso do vereador, que já havia sido criticado anteriormente pelos vereadores Marcelo Nena (PSL), Dileuza Del Caro (PSB), Alcântaro Filho (sem partido) e Romildo Broetto (PV), por sua fala no bairro São Marcos, provocou mais desconforto entre os presentes.

Para o vereador Fábio Netto (PC do B), a utilização do verbete “criminalizar” foi descabido.

“Não me incomodo muito com vídeos, mas me chamou a atenção a terminologia usada pelo nobre vereador Lula quando diz que o projeto foi criminalizado. Criminalizar é transformar algo em crime. Imagine a Casa Legislativa, após análise de um projeto, que seja do Executivo ou do Legislativo, o voto é soberano, considerarmos criminosos por não ter votado favorável… Isso, para mim, é de um absurdo a toda prova”, inquiriu o parlamentar Fábio.

E ele ainda acrescentou:

“No dia de hoje ele insiste em usar a palavra criminalizar, usar o verbete criminalizar. Este vereador tem potencial na política, mas não pode dizer que nós, seus pares, somos criminosos em praça pública porque votamos contra”.

Ainda justificando seu voto contrário, o vereador Fábio Netto apontou algumas falhas nos projetos que embasariam a tomada do Financiamento à Infraestrutura e ao Saneamento (FINISA), que seriam a falta de projeto para o bairro Por do Sol que necessitaria de regulamentação fundiária e no bairro de Fátima que não estava previsto no projeto de financiamento o projeto de desapropriação.

Durante a fase das Comunicações, o vereador Bibi Rossato (PSL) ainda tentou minimizar a polêmica gerada pela fala vereador Lula.

“Conversei com o vereador Lula e ele me disse que em momento algum ele quis ofender os colegas, chamando-os de criminosos. Ele quis colocar o ponto de vista dele, que achava que o projeto era bom”, defendeu Bibi.

Em outro trecho do uso do tempo destinado a ele, Bibi tornou a defender o projeto que foi arquivado.

“Ninguém fala que os R$ 25 milhões do valão só seriam pegos conforme o projeto estivesse pronto. Vou falar do projeto de Santa Rita, em Jacupemba. O projeto está pronto e seria concluído”