Passou da cota do suportável para os moradores da praia do Sauê o crime ambiental que vem acontecendo insistentemente às margens do rio Sauê. Restinga e manguezal estão na mira de interessados em devastar o espaço nas proximidades do rio Sauê. A denúncia é de que uma vasta área de restinga tem sido queimada e envenenada.
Além da restinga, vegetação que deve ser preservada para conter o avanço do mar, também um goiamunzal tem sido ameaçado pelo envenenamento no local.
A localização do crime ambiental é no final da avenida Luiz Teodoro Musso, próximo à foz do Rio Sauê.
“Hoje vi a destruição da restinga e do mangue no final da nossa praia. Manque aterrado, vegetação destruída, provavelmente com facão, fogo e agora, ao que tudo indica, usaram até veneno. E a área só aumenta”, denunciou uma moradora.
A Praia do Sauê está localizada na Área de Preservação Ambiental (APA) Costa das Algas, o que significa que órgãos federais devem ser acionados. Existe o Conselho da APA que tomou conhecimento deste crime e já encaminhou denúncia.
Revoltada, a moradora do bairro conta que os próprios moradores fazem clareiras no meio da restinga para passar carros e barcos.
Área serve de passagem para carros e barcos, segundo moradores
“Aqui é uma APA. Mas além da ação do mar nos últimos anos, da ignorância deste morador e de usuários que vêm abrindo cada vez mais a restinga para passar com carros e barcos, o que temos visto é o total descaso dos órgãos públicos, com falta de fiscalização, educação ambiental e vista grossa para tudo o que está ocorrendo”, lamentou a denunciante, que por razões de segurança terá sua identidade preservada nesta matéria.
E ela acrescentou:
“Nosso litoral é uma dádiva e vem sendo tratado da pior forma. Sou a favor de gritar aos quatro ventos, até porque este é um exemplo ocorrendo na nossa cara, mas tem inúmeras ações por toda Orla: rios que são puro esgoto desaguando nas praias, clareiras enormes para ampliar a vista dos moradores desde suas casas, passagens para carros e barcos, lixo” lamentou.
Outro morador relatou o mesmo fato à reportagem da Voz do Piraqueaçu solicitando que se busque respostas das autoridades competentes.
Relatos de moradores apontam envenenamento da restinga
“Estão acabando com a vegetação nativa e aterrando o manguezal. Isto acontece na última rua antes do rio Sauê. Nos ajude a divulgar para parar a destruição e punir o responsável. Todos os moradores e proprietários das casas daquela linda praia estão revoltados”, denunciou o morador.
A gerente de Fiscalização Ambiental da Secretaria de Meio Ambiente de Aracruz, Ana Clara Paz Otegui, explicou que só será possível fazer qualquer autuação pela Prefeitura de Aracruz, caso haja flagrante dos atos de crime ambiental.
“Temos conhecimento desse problema desde o início do ano, através de denúncias. Equipes de fiscalização já estiveram na área. Não é uma área particular, então fica muito difícil de identificar. Processos com o tema já foram encaminhados à Polícia Ambiental que já fizeram a investigação. Mas não houve flagrante, então, não temos como autuar ninguém”, explicou Ana Clara.
Ela afirma que assim que for possível identificar o autor ou autores da devastação na área e que houver flagrante a Fiscalização Ambiental da PMA poderá autuar.
A Secretaria de Meio Ambiente do Estado também foi procurada para que algum responsável falasse sobre o assunto, mas até a publicação da matéria não houve qualquer resposta.
A Praia do Sauê está localizada na APA Costa das Algas e, consequentemente, é de responsabilidade do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) que, segundo informações enviadas aos moradores do bairro, já teria notificado o responsável pelo crime ambiental.
O infrator já teria sido autuado pelo ICMBio, mas teria continuado em sua prática ilegal de desmatar. E agora, ainda segundo denúncias de moradores, também envenenar a área.
Nos últimos anos a Praia do Sauê vem sofrendo com as intervenções humanas no meio da natureza. Em 2018, a reportagem da Voz do Piraqueaçu registrou a tentativa do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Aracruz de lançar no rio Sauê o escoamento de água pluvial. Um movimento de moradores locais surgiu e impediu que o crime ambiental se completasse.
Excelente matéria!Parabéns pela publicação, pela ótima redação e pela ilustração que não deixam dúvidas da ocorrência de Crime Ambiental.Acho que devem buscar respostas e ações das Autoridades responsáveis.Grande abraço.