Sessão antes do recesso parlamentar tem Tribuna Livre e críticas à saúde e ao transporte de Aracruz, além de falas preconceituosas de alguns vereadores
Até o dia 2 de agosto, data de retorno do recesso parlamentar, os vereadores de Aracruz devem ter muito o que pensar. Ao final da 22ª Sessão Ordinária, realizada nesta segunda-feira (12 de julho), o espaço foi reservado para a Tribuna Livre, onde os munícipes têm a oportunidade de expor suas críticas, sugestões e anseios, perante seus representantes.
Embora o objetivo da Tribuna Livre seja a exposição de ideias oriundas dos cidadãos comuns, nem todos os nobres edis entenderam desta forma. Houve, inclusive, vereador que faltou com a gentileza para com uma cidadã, expositora presente no encontro.
A professora Leilany Santos Moreira, que também preside o Psol de Aracruz, além de ser membro do Coletivo de Mulheres Dona Astrogilda e militante de outros coletivos, como se apresentou, fez uma análise dos seis primeiros meses da gestão do Dr. Coutinho (Cidadania) e não poupou críticas à administração e ao parlamento. As áreas mais observadas pela cidadã foram a saúde e a educação.
“Na saúde, presenciamos muitos desmontes, inclusive o desmonte do HPP de Barra do Riacho sem que houvesse uma justificativa realmente convincente, os altos repasses ao Hospital São Camilo, sem que a população tenha usufruído destes investimentos, a falta de testagem em massa da população associada ao negacionismo e à má gestão na aplicação das vacinas fez com que o número de contágio e de mortes por covid-19 aumentasse abundantemente nos primeiros meses de gestão”, criticou Leilany.
Já na educação, a professora apontou a rejeição à proposta de aquisição de equipamentos de informática novos, de forma a atender o novo momento do ensino em que as aulas devem ser online e também presenciais.
“A falta de investimento em tecnologia da educação e novamente o negacionismo da covid aumentaram ainda mais a distância entre alunos e aprendizagem. Demorou-se a fazer a entrega das cestas de merenda, ignorando a fome que assola as famílias em tempos de desemprego”, indicou a professora.
Apesar de demonstrar as diferenças ideológicas que têm com a professora, os vereadores Adriana Guimarães (Republicanos), Roberto Rangel (Podemos) e Jean Pedrini (Cidadania) mantiveram o respeito às opiniões divergentes e discorreram os temas demonstrando com dados que não concordavam com a cidadã que havia subido à tribuna.
Já o vereador Alexandre Manhães (Republicanos), de forma diferente, iniciou sua defesa de posição de forma nada respeitosa. E durante os dois minutos que lhe cabiam, desfilou palavras ofensivas à professora e até mesmo questionando a cidadã que ocupou a tribuna, como se ela não tivesse direito a tal exposição de ideias.
“Quero repudiar seu início de fala quando você usa uma expressão de linguagem neutra, que é condenada nesta cidade, que você usa de ideologia de gênero. Nós respeitamos, mas não aceitamos em nossas escolas e vamos fazer o possível para poder evitar esse tipo de “berração (sic)” em nossas escolas. É uma afronta à família brasileira, respeito vocês, mas isso é uma afronta”.
E o vereador continuou criticando o discurso da presidente do Psol Aracruz.
“Você começou, infelizmente, muito mal. Você veio falar dessa Casa, veio falar do Executivo, você não está acompanhando a cidade. Você não está acompanhando o trabalho dos 17 vereadores, mais os secretários e o Executivo que estão trabalhando, se empenhando para que possamos fazer uma cidade melhor. Poderia ter vindo aqui para dar sugestões para melhoria da nossa cidade. Mas, como faz o seu partido, ela vem muito no substantivo da sua fala. Só fez crítica e sem sugestão e sem fundamento nenhum.
Como se não faltasse mais nada, Manhães ainda se comportou de forma preconceituosa ao chamar a atenção dos outros vereadores para ver “que tipo de pessoa sobe à tribuna”.
“Espero que os colegas possam enxergar que tipo de pessoa que sobe a essa tribuna para poder criticar e denegrir a imagem dos colegas que estão aqui com afinco trabalhando em suas comunidades. Estamos acompanhando aqui todos os vereadores. Ninguém aqui está fazendo papel. Muito pelo contrário. O prefeito está empenhado, a covid está aí”.
TRANSPORTE
O outro cidadão a discursar na Tribuna Livre foi Julio Cezar Florentino Perini, servidor público, que ocupa uma cadeira de conselheiro do Conselho Municipal de Trânsito e Transporte (COMTRAT), representando o Sindicato dos Servidores Municipais de Aracruz (Sisma).
Ele expôs o problema de transporte público vivido diariamente pela população do município e sugeriu a integração de Aracruz ao Sistema Transcol. Júlio saiu da Casa de Leis com o compromisso dos vereadores Lula (DC), Etienne Coutinho (Cidadania) e Adriana Guimarães de que irão buscar apoio do governador Renato Casagrande (PSB) e do presidente da Assembleia Legislativa, Erick Musso (Republicanos).
Exceção apenas foi o líder do governo, vereador Jean Pedrini, que afirmou que o Transcol poderá levar problemas para a Orla de Aracruz.
“Muito me preocupa, como morador da Orla, se o município, ou a Orla, vai sofrer uma degradação com essa facilitação de toda essa população vinda dos municípios da Grande Vitória também para a região da Orla. Será que estamos preparados para receber toda essa população que virá, principalmente nos finais de semana e verão? Temos que fazer essa reflexão. Às vezes a gente quer fazer um trabalho para melhorar o acesso da população e vai trazer outros problemas muito maiores para a Orla do município”, considerou o parlamentar.
NOSSA OPINIÃO
A sessão que antecedeu o início do recesso parlamentar em Aracruz deixou um sabor amargo na boca de quem assistiu à Tribuna Livre.
Ser a favor ou contra determinado assunto não dá o direito ao desrespeito a qualquer pessoa, principalmente, quando o desrespeitado é um convidado em sua casa. Princípio básico que se aprende quando crescemos sadiamente em nossas famílias.
Mas, parece que o preconceito foi algo marcante no apagar das luzes da Câmara, antes do início do recesso parlamentar.
Além da forma deselegante como o vereador Alexandre Manhães se dirigiu à professora e presidente do Psol Aracruz, o vereador Jean Pedrini se manifestou “preocupado” com a possibilidade de ter Transcol na Orla do município.
Ao dizer que a chegada do Sistema Transcol na Orla de Aracruz poderia levar problemas para a cidade, Pedrini deixou subentendido que haverá problema social com a chegada de pessoas de outros municípios da Grande Vitória.
Ele quis defender o posicionamento de uma pequena parcela de moradores da Orla, que acredita que os ônibus das linhas de integração supostamente aumentariam o volume de furtos e roubos na região.
Vale lembrar que o vereador levantou uma bandeira que é defendida, inicialmente, por turistas que possuem casas nos balneários e as ocupam durante, no máximo, três meses. E ele esqueceu que representa a grande maioria da população, que sofre com a má qualidade dos coletivos, as altas tarifas e os horários nada democráticos dos circulares durante os outros nove meses do ano.
Quanto ao discurso do vereador Alexandre Manhães, o que temos a dizer é que o senhor, Excelentíssimo Edil, representa não apenas as 944 pessoas que digitaram seus votos no número 10.100. Vossa Excelência representa as 103.101 pessoas que moram no município.
Então, dispa-se de seus preconceitos e represente verdadeiramente toda a linda população de Aracruz. Somos mulheres, homens, gays, idosos, jovens, adultos, indígenas, negros, brancos, enfim, somos pessoas que pagam impostos e, de forma última, que pagam seus salários.
Quando o vereador Manhães diz “que tipo de pessoa que sobe a essa tribuna”, ele deixa clara sua carga preconceituosa, além de abrir um perigoso precedente de que apenas aquelas pessoas que estão alinhadas com seu pensamento é que terão oportunidade de subir à tribuna e emitir sua opinião.
É bom lembrar que vivemos em um país livre, democrático e cidadão!
JORNALISMO SÉRIO E INDEPENDENTE É POSSÍVEL COM O SEU APOIO
DOE E AJUDE A FAZER UM JORNALISMO INDEPENDENTE!
Chave PIX
29.422.608/0001-96
Nossa mensagem para quem nos ajuda:
"A informação pode mudar sua vida. A ausência dela também".
Ainda bem que existe uma luz no fim do túnel em relação ao Transcol,espero que os Srs vereadores (a) realmente tomem as devidas providências cabíveis porque está vergonhoso o transporte no nosso município, tanto em relação a Expresso Aracruz como tbm a Águia Branca que resolveu tirar os cobradores e quem paga o pato como sempre somos nós a população, porque temos que suportar atrasos de quase uma hora no ponto de ônibus porque o motorista tem que fazer todo o trabalho. Por isso espero que finalmente o Transcol chegue o mais rápido possível para que a população tenha um pouco de dignidade.
Infelizmente a nobre "jornalista" emite juízo de valor sobre minha fala sem se ao menos se preocupar em me ouvir , me taxa de preconceituoso , um jornalismo sério antes de emitir opinião deve ouvir a outra parte .
Não vi nenhum tipo de preconceito na fala do vereador Manhães. Sua defesa é legítima em favor de princípios Conservadores em defesa da família. Quanto a fala do vereador Pedrini, fora do anseio dos moradores da Orla de Aracruz. Aliás, na ansia de representar a administração, esse perdeu o foco nos interesses que defenderia caso não estivesse no cargo de vereador.
Esses vereadores estão todos no bolso do prefeito. Defendem como cães o líder do executivo, não tem interesse algum de defender os direitos dos cidadãos. Bando de víboras!