“Só o povo salva o povo”. Cada dia que passa a afirmação do então arcebispo de Vitória, Dom João Batista da Mota e Albuquerque, ganha mais significado. Na época foi dita por conta do abandono sentido pelas vítimas das enchentes no Estado em 1979. A crônica que segue mostra o sofrimento e abandono da população da pequena Santa Rosa, distrito de Santa Cruz, em Aracruz.
Na estrada que liga à localidade de Pirassununga existe um atoleiro e moradores da região vêm enfrentando muita dificuldade para trabalhar e estudar.
A chuva que vem atingindo a região Norte do Espírito Santo castigou a região e deixou a população local quase sem opção de passagem. Foi aí que apareceu um vereador para “solucionar” o problema da população local.
“O vereador Carlito Candim veio aqui dizendo que iria abrir uma vala para escoar a água. Mas o problema só se agravou com a abertura da tal vala”, contou um morador, que também enviou fotos do local.
A estrada virou um lamaçal e também uma armadilha para veículos que se arriscam a passar.
“Nós precisamos é de colocação de solo brita e não de uma vala. Esse serviço foi feito pelo tal vereador Carlito Candim junto com um morador que possui uma propriedade na metade do caminho que dá acesso à localidade de Pirassununga”, reclamou outro morador.
O morador ainda relatou o seguinte:
“Eles estiveram lá fazendo esse trabalho em uma sexta-feira (22 de novembro) e disseram que voltariam na segunda-feira seguinte. Só que até hoje nem sinal eles deram e deixaram essa vala de quase dois metros de profundidade aberta trazendo um grande risco para a população”.
Para que houvesse possibilidade de os moradores transitarem no local, houve uma “vaquinha” e cada um desembolsou R$ 50 para alugar uma máquina para fazer o serviço.
“O Ramos (morador que tem propriedade na beira na estrada) só coloca máquina dele na estrada quando o vereador solicita”, relatou um morador.
OUTRO LADO
Nota da Prefeitura de Aracruz
“A Prefeitura de Aracruz, por meio da Secretaria de Agricultura (Semag), informa que está ciente da situação e que já fez alguns serviços paliativos, como jogar solo brita e utilizar revsol para minimizar os impactos ocasionados pelas chuvas, bem como abrir uma vala na lateral para dar vazão a água acumulada. Porém, é necessário aguardar o período de estiagem para que o serviço seja realizado com êxito. A localidade, que é uma área de manguezal, tem um ambiente propício para acumular muita água e formar atoleiros. A Semag vai realizar os serviços de manutenção necessários para que os usuários da via tenham mais segurança ao trafegar, assim como já realizou em mais de 2400 quilômetros de estradas rurais.”
O vereador Carlito Candim foi procurado pela reportagem da Voz do Piraqueaçu para dar sua versão dos fatos, porém até o encerramento da matéria, ele não se pronunciou sobre o assunto.
NOSSA OPINIÃO
Em Aracruz e em outros tantos municípios Brasil afora existe a prática recorrente de membros do Legislativo posarem de benfeitores para garantir sempre seus votos na hora que as eleições se aproximam. Sempre tem aquele favorzinho que o parlamentar, para se perpetuar no poder, volta para cobrar.
O nome disso é “compra de voto”, uma prática que muitos acreditam que não existe, outros fingem que não veem e outros ainda tentam disfarçar com outros nomes justamente porque se encontram “alinhadinhos” com o prefeito.
Se o vereador possui contrato com a Prefeitura, nada de ilícito existe nisso. O problema é quando o parlamentar se aproveita desse mesmo contrato para ficar aparecendo e fingindo que ele é quem está fazendo a tal obra/serviço.
E a Prefeitura, por sua vez, não pode fazer cara de paisagem e fingir que isso não acontece. Lembrem-se que atualmente sempre tem um celular que tira foto e grava vídeo para não deixar passar batido as práticas ilícitas de qualquer agente público.
Uma Câmara onde tem vereador semi alfabetizado e vereador advogado que fala super errado, só pode esperar isso.
É muita safadeza, gente... e o povo precisa aprender a votar...
