Mulheres que lutam não gostam de flores, mas clamam por respeito aos seus corpos, às suas opiniões e, principalmente, às suas vidas. Durante a manifestação deste 8 de março (quarta-feira), que teve início na praça Getúlio Vargas, no Centro da capital do Estado, e percorreu as principais avenidas, as mulheres, lembraram do ataque violento ocorrido nas escolas EEEFM Primo Bitti e Centro Educacional Praia de Coqueiral e que deixou quatro mulheres mortas.
O Coletivo Dona Astrogilda esteve presente ao movimento deste 8 de março para cobrar das autoridades mais empenho e transparência nas investigações sobre o ataque, ocorrido em 25 de novembro, e cobrar a punição do pai (policial) do adolescente que se encontra recolhido em uma instituição para menores.
Coletivo Dona Astrogildo esteve ativo na manifestação
“O adolescente está recolhido, mas e quem deu a arma que matou nossas companheiras professoras Flávia, Cybelle e Penha e a estudante Selena, mulher que tinha uma vida inteira pela frente? A arma que matou foi uma arma do Estado. Quem foi punido por isso? Temos outras professoras que sequer passaram por um tratamento psicológico dado pelo Estado”, apontou a professora de Língua Portuguesa da Escola Primo Bitti Leilany Moreira.
A manifestação também foi importante para que as mulheres de Aracruz estivessem com as deputadas Iriny Lopes (PT) e Camila Valadão (Psol) para entregar a elas suas reivindicações.
“Precisamos reabrir o debate em torno dos crimes que ocorreram em Aracruz e principalmente porque não são crimes corriqueiros. Foram crimes oriundos de um pensamento nazista que poderá acometer novas vítimas com a ‘lei do silêncio’, com a intimidação. A importância desse ato é não deixarmos isso ir para o esquecimento”, apontou a deputada Iriny Lopes.
A deputada Camila Valadão ressaltou que a data deve ser um dia de luta e de afirmação.
“Para nós, hoje é um dia de luta, dia de reafirmar todas as lutas históricas das mulheres, avaliando o que avançamos e o que precisamos avançar. Quanto ao crime de Aracruz, essas mulheres não podem ser esquecidas. Por isso nossa reverência, a nossa memória a essas vítimas fatais desse massacre, que para nós é um massacre de misoginia, de ódio. Não por acaso as vítimas são todas mulheres”, destacou a deputada Camila Valadão.
Depois de percorrerem parte da avenida Jerônimo Monteiro, a manifestação fez uma parada em frente ao Teatro do Sesc para homenagear as professoras Flávia, Penha e Cybelle e a estudante Selena.
“A parede mal pintada, não disfarça o buraco de bala”, diz um trecho do poema lido pela professora de Língua Portuguesa da Escola Primo Bitti Sâmela Priscila.
O poema fala de uma normalidade que não existe na escola estadual. Em outro trecho, chama de hipócrita as falas dos burocratas.
Ainda durante o protesto, manifestantes de outros municípios relataram os desafios que enfrentam diariamente, simplesmente pelo fato de serem mulheres.