Tão perto de aldeias indígenas, mas tão longe da cultura dos povos originários. Para mudar um pouco dessa realidade, a Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) Primo Bitti, em Coqueiral, deu um passo importante na direção do conhecimento e da diminuição das distâncias. Teve início nesta quinta-feira (28 de novembro) o encontro “Olhares e Saberes - Mulheres Indígenas”.
O evento termina nesta sexta-feira (29 de novembro), com início previsto às 8 horas, e contará com apresentação de danças, palestra com mulheres indígenas sobre a arte das parteiras e ainda uma apresentação do livro sobre culinária indígena que ainda será lançado.
“Contaremos com a presença de dona Helena, que vem aqui para contar histórias de Caieiras Velha e das guerreiras”, antecipou a professora de História e idealizadora do evento, Sandra Guimarães.
Os alunos que estiveram na quadra do Primo Bitti tiveram a oportunidade de saber um pouco da cultura dos guaranis. Para representantes dos povos, ainda é pouco, bem pouco do que gostariam que fosse. Mas para alguns já foi um começo.
Alunos de várias idades acompanham atentos as histórias dos povos originários da terra
Durante toda a manhã teve apresentação de dança indígena, declamação de poesia, peça teatral contando a lenda da mandioca, além do depoimento da índia Raquel sobre as mulheres indígenas na política, como Sônia Guajajara que em 2018 foi candidata a vice-presidente do Brasil na chapa de Guilherme Boulos (Psol), e também a convivência com a natureza.
“Deus ilumina os cânticos e a mensagem deste cântico é uma reflexão do que pode ser feito para defender a convivência com a natureza. Cantando junto, cantando com alegria nos deixa mais unidos e cada vez mais fortes. O cântico fala disso”, explicou.
Para o guarani Vander Karaí, da aldeia Boa Esperança, a música foi uma forma de trazer para a realidade de muitos alunos um pouco da cultura indígena.
“Foi uma forma de mostrar um pouco da nossa cultura, do nosso cântico. Mas precisamos de mostrar como somos. Estamos abertos para receber as pessoas. Basta que as pessoas entrem em contato conosco”, explicou o guarani que é filho do cacique Toninho, da aldeia Boa Esperança.
E Karaí ainda deixou uma dica para outros eventos que pretendam descrever a cultura indígena:
“Nas danças de roda nós não misturamos homens e mulheres. Não tem nada a ver com machismo, nem nada. Mas é da nossa cultura. Quando dançamos, o homem dança de um lado e a mulher dança de outro”, resumiu.
OPINIÃO DOS ALUNOS
Embora ainda tenha sido o esboço do que seja realmente a cultura indígena, a reação dos alunos foi bem positiva.
“Achei interessante. Soube mais da história porque meus colegas estudaram e passaram para nós. Vivemos tão perto das aldeias, mas sequer sabemos se eles nos recebem ou não”, disse Paola da Silva Ferreira, do 3º ano II, de 17 anos.
“Foi bacana. Eu não conhecia muitas coisas sobre os indígenas. Eu morava na Bahia (em Nova Viçosa) e nunca tive contato com os índios. Aracruz é terra farta e aqui adquiri conhecimento sobre os indígenas. Gostei bastante”, assinalou Gabriel Souza, do 2º ano III, de 17 anos.
“Achei muito legal. Eles tentaram resgatar algo que estava perdido há muito tempo. A lição que fica é que preconceito nunca vale a pena”, destacou Jhennyfer Victória Bordinhão, do 8º anos, de 14 anos.
“Temos que parar para pensar e ver que os índios devem ter mais liberdade. Devemos parar e observar mais a cultura deles”, salientou João Victor Faltz, do 3º ano I, de 18 anos.
SERVIÇO
Para visitar a aldeia Boa Esperança
- Marcar a visita;
- Horário de visita: de 8 horas às 17 horas;
- Contato: Vander Karaí - (27) 99649-5797