Pesquisas realizadas por dois estudantes do Ifes - campus Aracruz ganharam notoriedade por abordarem temas relacionados à educação de povos indígenas. A participação premiada de Diwarian Pego de Souza e de Josiane Tranhagno Cordeiro na Feira de Ciências do Norte Capixaba (FECINC) fez com que ambos conquistassem o passaporte para a Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (FEBRACE) no próximo ano, que será virtual por causa da pandemia de Covid-19.
Com o tema "Lutas por território indígena: os desafios da educação indígena em Aracruz'', Diwarian, que é tupinikim, conquistou o primeiro lugar geral. Já Josiane, que não é indígena abordou o tema “A luta pelo direito à educação: o caso dos estudantes indígenas nas escolas não indígenas de Aracruz”.
Os dois estudantes foram orientados pelo professor Thalismar Matias Gonçalves, que até o início de 2020 atuava no campus de Aracruz.
“É importante destacar que esses trabalhos fazem parte das ações do Núcleo de Estudos sobre Povos Tradicionais (Nepto), coletivo formado por docentes e discentes do campus Aracruz, que vêm desenvolvendo ações como grupo de estudos, pesquisas e projetos de extensão sobre/com os povos indígenas de Aracruz desde 2017”, assinalou o professor.
E Thalismar acrescentou:
“Outro aspecto relevante é que esses estudos mostram que o IFES tem se destacado em ações de pesquisas em diferentes áreas do conhecimento e contribuído para reflexões sobre questões da realidade capixaba”.
Alunos do Ifes - Aracruz ouvem relatos de indígenas aldeados
Diwarian e Josiane participaram da FECINC como alunos bolsistas. Diwarian conquistou o primeiro lugar geral, enquanto Josiane foi a vencedora na categoria estudantes/pesquisadores.
Tanto Diwarian quanto Josiane comemoraram seus resultados e salientaram a importância de suas pesquisas para as comunidades tradicionais.
“Foi muito gratificante para mim, pois estudar e construir um projeto sobre questões do meu povo foi primoroso. Em relação a importância do projeto para as populações indígenas, teve o papel de dar visibilidade e fortalecer a importância de garantir os direitos dos povos originários. O trabalho falava sobre diversos assuntos, inclusive, as lutas dos povos indígenas no âmbito da educação, como a formação de professores indígenas, infraestrutura das escolas, entre outros”, contou Diwarian.
E o aluno prosseguiu:
“O objetivo pessoal foi expor o projeto para pessoas que não tinham conhecimento sobre a temática indígena da região, mostrar a importância de uma escola indígena diferenciada e as dificuldades que apresentam”.
Assim como Diwarian, Josiane comemorou o resultado de sua pesquisa, principalmente por conta da pouca visibilidade que os povos tradicionais têm.
“Foi uma enorme satisfação para mim, pois tive a oportunidade de apresentar à comunidade acadêmica informações acerca dos dados educacionais dos alunos indígenas matriculados nas escolas de ensino regular do município de Aracruz, proporcionando-os um olhar mais atento ao que tange a realidade dos estudantes indígenas. É notória a importância e a contribuição desse trabalho no desenvolvimento da sociedade, uma vez que a temática indígena não é tão discutida atualmente como deveria”, destacou Josiane.
E a aluna completou:
“Desenvolver projetos que incluam os povos originários é auxiliar no processo de resistência e preservação sócio-cultural. Apresentar dados quantitativos de forma a estimular o estudo sobre as etnias de Aracruz demonstra a relevância que eles apresentam para nossa sociedade e contribui para que a visão estereotipada e o preconceito existente entre os não indígenas diminua, facilitando, assim, a transmissão da cultura indígena para as próximas gerações”.
Segundo o orientador Thalismar, a pesquisa apresentada pela Josiane buscou compreender o processo de inserção de estudantes indígenas na EEEFM Primo Bitti, em Coqueiral de Aracruz, buscando analisar aspectos como rendimentos e ações da referida escola no acolhimento dos estudantes indígenas.