Estava tudo certo para 10 horas os pescadores de Santa Cruz, em Aracruz, se reunirem com representantes da Fundação Renova, na sede da Associação de Pescadores Extrativistas e Marisqueiros de Santa Cruz (APEMASC). A única coisa que faltou foi a credibilidade nas promessas de indenização aos atingidos pelo crime ambiental da Samarco, que no próximo dia 5 completará dois anos.
Não foi uma reunião como outras já realizadas em Barra do Riacho, também em Aracruz, que foram lotadas. Na sede da APEMASC havia entre 15 e 20 pescadores. Nada além disto.
Nas feições de cada um o que mais se podia notar era a falta de esperança em dias melhores junto à empresa que provocou o maior crime ambiental já registrado no Brasil.
Eles ouviram com muita atenção às explanações dos representantes Luciano e Kleber, que antes da reunião ligaram para a fundação indagando se poderiam realizar a reunião, já que a imprensa (Web Rádio Voz do Piraqueaçu) estava presente.
Apenas para esclarecimento, a Web Rádio Voz do Piraqueaçu vem acompanhando atentamente a situação dos atingidos de Aracruz. E, portanto, considera uma falta de liberdade de imprensa o fato de suspender reuniões para que não haja a participação da emissora.
Mas, liberados pela empresa para reunirem-se com os pescadores, eles se apresentaram e repetiram a cantilena de que a Fundação Renova foi criada para intermediar as conversas e conduzir o processo de indenização dos pescadores atingidos.
De todos que estavam presentes na reunião apenas dois pescadores afirmaram ter recebido o início do pagamento da indenização. As outras histórias eram relatos de dificuldades e dívidas.
"Isto aqui não vai dar em nada", exaltou-se um dos pescadores.
Após mais de uma hora de conversa com os representantes da Renova, o pescador Ismar Teixeira Filho disse que não ficaria na reunião para ouvir mais enrolação.
"Isto tudo é conversa fiada. O pescador está na flor da pele com aluguel atrasado, pensão de ex-mulher atrasada. Eles não estão nem aí para nós. Primeiro disseram que eu deveria esperar cinco dias úteis. Depois disseram para eu esperar cinco dias corridos. Isto já tem nove meses e até agora nada", reclamou o pescador.
"O que queremos aqui é o emergencial. O pescador está passando muita dificuldade", afirmou o presidente da APEMASC, Ivan Gomes Santana.
A reunião foi esvaziada com os representantes da Fundação Renova afirmando que voltarão para continuar as entrevistas com os pescadores.