Em cerca de uma hora e meia diversos setores da sociedade civil organizada e do poder público se reuniram nesta quarta-feira (4 de julho) e chegaram à conclusão de que é preciso tirar do papel algumas ações para defender o rio Piraquê-açu, desde sua nascente até a sua foz. A reunião foi convocada pela Associação Amigos do Piraquê-açu (AMIP) e Associação de Pescadores e Marisqueiros Extrativistas de Santa Cruz (APEMASC).
Estiveram presentes no encontro os vereadores Carlinhos do Josiel (PP) e Romildo Broetto (PV). Ambos defenderam ações efetivas em prol do rio.
“Mais do que recurso, é preciso ter prioridade”. Com essa frase, o chefe da Área de Proteção Permanente Costa das Algas e do Refúgio de Vida Silvestre Santa Cruz, Roberto Sforza, destacou a importância de priorizar as discussões em torno da preservação do manancial.
De acordo com a análise feita pelo representante do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Santa Cruz possui perfil híbrido que se entrelaça com o desenvolvimento da atividade portuária e a atividade turística. “Apesar da vocação portuária e turística, não se evoluiu na forma como os governos cuidam do lugar”.
E a frustração com as respostas dadas pela Prefeitura de Aracruz pareceu ser grande. O vice-presidente da Associação de Moradores do Bairro Balsa, Carlos Eugênio, relatou que existe documento recebido pelo Executivo Municipal com a exigência de que seja feita a rede de esgoto no bairro, pavimentação e iluminação.
Para o presidente da AMIP, Luiz Cláudio Ribeiro, o projeto Orla é concreto, podendo ser utilizado como base de estudo relativo ao Piraquê-açu no uso de suas águas.
O Projeto Orla é uma ação do Governo Federal e sua atividade estimula a gestão integrada dos espaços litorâneos, por meio da articulação entre os diversos entes envolvidos. Várias questões são tratadas tais como: fragilidade dos ecossistemas, crescimento do uso e ocupação de forma desordenada e irregular, ao aumento dos processos erosivos e de fontes contaminantes da orla.
Já o presidente da APEMASC, Ivan Santana, acredita que a baixa participação dos pescadores de Santa Cruz teve como principal causa o temor de serem apontados como culpados por contaminação das águas do rio.
“Vimos nessa reunião que os diversos setores querem integrar as ações com os pescadores. É possível que sejamos fiscais, não deixando que contaminem o Piraquê-açu. Quando virem alguém poluindo, poderão chamar a atenção. O problema do óleo não é só do pescador, mas também há jet ski, rebocador e lanchas que circulam nas águas”, destacou Ivan.
Ficou definido que para um outro momento se convoque a Secretaria de Meio Ambiente, a Secretaria de Obras, a Secretaria de Transportes e Obras Públicas e Secretaria de Agricultura da Prefeitura de Aracruz e o Serviço Autônomo de Águas e Esgoto (SAAE) do município para que possam participar e interagir com a comunidade local e apresente soluções.
O grupo acredita que a participação de órgãos do Executivo Municipal seja anterior à do Ministério Público, com sua Promotoria de Meio Ambiente.
Uma comissão de representantes das Associações do Bairro Balsa, Coqueiral e Santa Cruz, AMIP e APEMASC deverá ser formada.