Não bastassem o problema social, a falta de posto de trabalho e a contaminação das águas do Rio Doce e do mar da costa capixaba, as mulheres atingidas pelo maior desastre ambiental já registrado no Brasil ainda têm que conviver com a discriminação de gênero. No dia 5 de novembro fez três anos em que a barragem de rejeitos da mineradora Samarco se rompeu em Mariana (MG) e provocou uma avalanche de problemas.
Além das vidas ceifadas, o desastre ambiental tem gerado polêmicas que giram em torno do atendimento das solicitações das mulheres atingidas e também da reivindicação de que assessorias técnicas sejam indicadas pelas vítimas.
Para marcar os três anos da tragédia, uma comitiva formada por atingidos de diversos locais ao longo do Rio Doce foi para Londres para encontros com diretores da BHP Billiton (que é uma das acionistas da Samarco), Organizações Não Governamentais (ONG’s), imprensa e parlamentares britânicos.
O objetivo da ida da comitiva é denunciar violações de direitos e atrasos por parte da Fundação Renova, organização não governamental criada por um Termo de Transação e Ajustamento de Conduta (TTAC) para a reparação dos danos causados pelo crime ambiental de novembro de 2015.
A viagem está prevista para se encerrar neste sábado (10 de novembro). Em todos os encontros agendados pela comitiva (BHP, ONG’s, imprensa e parlamento) foi entregue uma carta de reivindicações e um documento com o histórico do desastre e denúncia de violação de direitos.
A única representante do Espírito Santo a integrar a comitiva em Londres é Joeci Miranda, da Barra do Riacho. Segundo ela, a receptividade dos executivos da BHP foi boa e eles até se espantaram com os problemas relatados pela comitiva.
Em documento entregue durante a viagem foi relatado por várias mulheres que seus direitos foram violados.
Na faixa, em inglês: Justiça para as comunidades brasileiras do Rio Doce. 3 anos desde o pior desastre ambiental
Elas exigem que não tenham que responder questionários direcionando-as ao não reconhecimento do seu trabalho como autônoma independente de seu companheiro.
Exigem ainda que se reconheça a renda da mulher atingida de forma autônoma, concedendo a ela cartão emergencial em seu nome, respeitando sua independência econômica que fora conquistada antes do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana.
Outro ponto que as atingidas fazem questão é que a indenização que deve ser paga a elas esteja em condições de igualdade com o valor pago aos homens, conforme rege as leis internacionais do trabalho.
O documento entregue em Londres contém diversas outras exigências.
Por meio da assessoria de Comunicação, a Fundação Renova foi questionada, mas até a publicação da matéria nenhuma resposta foi enviada.